As crises cíclicas do capital e da política que atingem os trabalhadores da imagem e a desregulamentação da profissão foram as principais causas de desvalorização da profissão e dos cinefotojornalistas apontadas por Alcyr Cavalcanti, presidente da Associação Brasileira dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos (Arfoc-Brasil), na abertura do XVI Congresso Nacional dos Jornalistas de Imagem em Florianópolis, no dia 2 de setembro.
Cavalcanti destacou ainda que o desmantelamento da estrutura sindical, da destruição do espírito associativo, da solidariedade e do companheirismo também atingem a profissão e os profissionais.
– É o predomínio do salve-se quem puder, do invadir para arrecadar e do legitimar o ilegitimável que deve ser combatido por todos nós, dirigentes de entidades representativas da categoria.
Ele relembrou que a Arfoc-Brasil foi criada há mais de duas décadas, depois de vários anos de discussão, para que os jornalistas de imagem tivessem uma representação nacional. “A associação está aberta a todos os profissionais legalmente registrados, e trabalha para construir uma união nacional para fortalecer a representação da categoria”, destacou.
O presidente da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de Santa Catarina (Arfoc-SC), Jeferson Acevedo, que viabilizou o evento no auditório do Centro de Comunicação e Expressão da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), reafirmou o compromisso de lutar para que os jornalistas de imagem sejam mais respeitados e tenham uma remuneração justa.
Já o jornalista Sérgio Murilo, ex-presidente e atual Secretário Geral da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), elogiou as entidades representativas dos jornalistas de imagem que, segundo ele, “sempre estiveram na vanguarda lutando contra as dificuldades do exercício profissional e realizar este congresso presencial, após 2 anos de distanciamento”.
A professora e doutora Rita Paulino, coordenadora do programa de pós-graduação em jornalismo da UFSC, apresentou novas ferramentas digitais para uso da fotografia como instrumento de comunicação. Já o repórter cinematográfico Marcos Schmitt falou sobre a evolução do equipamento e sua experiência profissional, e ensinou como regular uma filmadora.
– O celular pode ser uma ferramenta imprescindível para documentar agressões sem que o agressor perceba que quem está gravando é um jornalista de imagem – acrescentou.
Quanto ao direito autoral e ao direito de imagem, o fotógrafo e professor da UNIVALI (Universidade Vale do Rio Doce) Lucas Correia explicou que o direito autoral é dividido em direito moral (direito do autor de ter o crédito (o nome) na fotografia), que é inalienável e intransferível, e direito patrimonial (direito à utilização econômica da fotografia).
Correia disse que o direito de imagem está previsto no artigo 5º, inciso X da Constituição Federal, no rol dos direitos e garantias fundamentais, e prevê indenização para o caso de violação. Segundo ele, o Código Civil traz regras sobre o direito de imagem, e o classifica como um direito da personalidade.
– Esse direito não é absoluto. Há casos em que o direito à informação se sobrepõe ao direito de imagem.
Na ocasião, o presidente da Arfoc-SC homenageou o repórter fotográfico Antônio Mafalda pelos relevantes serviços ao fotojornalismo. Mafalda agradeceu, e disse que “a fotografia jornalística nunca vai morrer porque está dentro da nossa cabeça e do nosso coração”.
Também participaram o jornalista Aderbal Rosa Filho, diretor do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, e o professor de jornalismo da UFSC Ivan Giacomelli.
Após o encerramento, foi realizada a Assembleia Nacional dos Jornalistas de Imagem, que aprovou as contas da Arfoc-Brasil dos anos de 2019, 2020, 2021.
